segunda-feira, 2 de junho de 2008

SERÁ O FIM DA DENGUE?

Butantan deve ter vacina contra dengue em 2010
Instituto anuncia que iniciou trabalhos para produção da vacina no Brasil.
Expectativa é que sejam produzidas entre 20 e 30 milhões de doses por ano.
O Instituto Butantan anunciou nesta segunda-feira 02 de junho, que deu início ao desenvolvimento da produção de uma vacina contra dengue. Segundo o presidente da fundação, Isaias Raw, a previsão é que em 2010 o Brasil já possua a vacina para ser utilizada na rede pública de saúde em crianças e em jovens.
Raw afirmou, em entrevista nesta tarde no auditório do Museu Biológico do instituto, na Zona Oeste de São Paulo, que em dois anos o instituto deve passar a produzir entre 20 milhões e 30 milhões de doses da vacina por ano. A expectativa é que a vacina seja barata. “Nossa intenção é vender a vacina barata para que o governo dê para todo mundo de graça”, disse. A vacina será preventiva e tetravalente, protegendo contra quatro tipos de vírus da dengue.
A intenção do instituto é que, com o tempo a vacina passe a fazer parte do calendário de vacinação infantil, com crianças de dois anos recebendo duas doses, em um intervalo que “provavelmente” deve ser de seis meses, para ficarem imunizadas.
De acordo com o presidente do Butantan, há seis meses foram adquiridas as “cepas”, ou vacina original, produzidas pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês). Essa vacina foi testada em macacos Rhesus e um grupo de pessoas, naquele país, que não possuíam a doença. Pelos testes “foi verificado que esta vacina tem boas chances de ser eficaz”.
Nos próximos três meses deverá ser construído um laboratório dentro do Instituto para a produção da vacina em grande escala. “O NIH cedeu a patente para o Butantan, exclusivamente para a América Latina”, disse. A estimativa é de que os ensaios clínicos com a vacina produzida no Butantan comecem a ser feitos em seis meses.
Para a construção do laboratório serão liberados inicialmente R$ 5 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e R$ 2 milhões da Fapesp, em parceria com o Ministério da Saúde. Segundo Raw, já foi encomendado um bioreator para a produção das vacinas, avaliado em cerca de 1 milhão de dólares. A estimativa é de que no final, sejam destinados para o laboratório cerca de R$ 20 milhões. “Nosso produto chega na sociedade, então não me preocupo com isso (com o dinheiro que falta). O resto depois a gente vê com o Ministério da Saúde”.
PATRÍCIA ARAÚJO Do G1, em São Paulo